Filosofia e Existência

Filosofia e Existência
estude filosofia a distância

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Sobre São Acácio

continuação do post anterior...

110. Eu não vou ficar em silêncio sobre algo que não é certo silenciar porque não devo desumanamente manter comigo o que deve ser conhecido. O famoso João Sabaíta falou-me coisas dignas de escuta. Falou que ele se destacou e se colocou acima de qualquer falsidade, livre de palavras e atos maus, o que o senhor sabe de sua própria experiência, santo padre. Este homem falou-me: "Em meu mosteiro na Ásia (de onde vêm os homens bons) havia um ancião que era extremamente indisciplinado e descuidado. Digo isso não para julgá-lo, mas por ser um juízo verdadeiro. Ele conseguiu, não se sabe como, um discípulo, um jovem chamado Acácio, de coração simples mas prudente em pensamento. E ele suportou tanto deste ancião que parecia incrível a muitas pessoas. Pois o ancião atormentou-o diariamente com insultos e indignidades e mesmo com golpes. Mas esta paciência não era mera tolerância sem sentido. E assim, vendo-o diariamente numa situação miserável como o último escravo, eu perguntei a ele quando o encontrei: "Qual o problema, irmão Acácio, como está hoje?" E ele me mostrava um olho roxo, ou um pescoço e cabeça marcados. Mas sabendo que ele era um trabalhador, eu dizia: "Bem feito, bem feito, aguente e será para o seu bem". Tendo estado nove anos com o ancião sem piedade, ele partiu para o senhor". Cinco dias após seu enterro no cemitério do mosteiro, o mestre de Acácio foi para um certo ancião vivendo lá e lhe disse: "Pai, irmão Acácio está morto". Assim que o ancião ouviu isso ele disse: "Creia-me ancião. Não acredito nisso". O outro replicou: "Vem e vede!". O ancião ao mesmo tempo se levantou e foi ao cemitério com o mestre do santo asceta. E ele chamou-o como a uma pessoa viva, ele que estava verdadeiramente vivo em seu adormecer e disse: "Você está morto, irmão Acácio?" E o bom cumpridor da obediência, mostrando sua obediência mesmo após a morte, respondeu ao grande ancião: "Como é possível, Pai, que um bom cumpridor da obediência venha a morrer?". E então o ancião que fora mestre de Acácio ficou estarrecido e caiu em lágrimas. Após isso ele ele pediu ao abade de Laura por uma cela perto da tumba, e viveu lá devotamente, sempre dizendo aos pais; "Eu cometi assassinato!". E pareceu-me, Pai João, que aquele que falou com o homem morto era o próprio grande João!"Pois a santa alma contou-me uma história como se fosse de outra pessoa, quando ele falava sobre si mesmo, e fui depois capaz de saber ao certo".

Nenhum comentário:

Postar um comentário